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A análise das obras e objetos artísticos muitas vezes privilegia um foco único, o do objeto em si. Partimos do princípio de que esse tipo de análise, fundamental como primeira abordagem, nem sempre é suficiente para se entender a complexidade da obra enquanto fenômeno visual, já que obras/objetos estabelecem uma relação de interferência mútua com o espaço que os abrigam a tal ponto que, a partir dela e dependendo das posições que ocupam, são capazes de engendrar espacialidades diversas e, por conseqüência, percepções diversas. Essa relação é facilmente identificável em algumas modalidades das artes visuais mais tradicionais, tais como as artes decorativas em geral – que 'constroem' os espaços interiores – ou a escultura monumental urbana – que pontua com marcos visuais o espaço das cidades –, ou ainda, dentro da produção contemporânea, nas instalações e intervenções urbanas em geral que possuem uma intenção espacial evidente, mas pode ser estendida a qualquer situação de exposição das obras/objetos. O que queremos enfatizar é que dentro dessa relação, objeto e espaço são contingentes. O objetivo da nossa proposição, desse modo, é discutir a relação mútua entre obra/objeto e espaço, ou entre posições, espacialidade e percepção, como constitutiva do fenômeno visual e como fator de abertura a todo um leque de significados. Entendemos que essa discussão pode abarcar os mais diversos aspectos implicados na trajetória de uma obra desde sua concepção, sejam eles da ordem das idéias ou da simples contingência dos deslocamentos físicos e seus desdobramentos em termos de percepção e significado. Palavras-chave: posições de obras/objetos, reconfigurações espaciais, experiências visuais e construção de sentidos. |