|  | O 
“transe” 
pode 
ser 
entendido como um 
estado 
alterado 
de 
consciência. 
Na antropologia, 
é  fenômeno 
social 
de 
representação 
coletiva, 
no 
qual 
o
médium  experimenta  um 
sentimento 
de 
identificação 
com 
comportamentos correspondentes
a determinada divindade ou entidade. A partir 
desse 
princípio, 
provocamos 
a  discussão  sobre 
alternativas 
de 
outras 
histórias 
da 
arte, 
usando 
um 
corpus 
próprio, 
mas 
incorporando outras 
"entidades" 
que 
normalmente 
não 
frequentam 
os 
rituais 
da 
historiografia canônica, tanto em termos
de objetos, quanto em termos de
disciplinas.  Estar
em transe,  para 
a  História  da 
Arte, 
é  deslocar 
as 
percepções 
consolidadas 
e  estar  aberto 
a  outras  experiências. 
O XXXVII Colóquio 
do 
CBHA, 
a  ser  realizado 
na 
Bahia, terra de todos os
santos e de  tradicionais  terreiros, 
incita 
olharmos 
menos 
para 
os 
santos 
e  dogmas
europeus e mais para
nossos próprios santos, entidades e sensibilidades. Para  que  o 
espírito 
se 
manifeste, 
ele 
precisa 
de 
corpo. 
Até mesmo 
seus 
desejos 
são 
saciados 
com 
oferendas 
materiais. 
Assim, o 
subtítulo
"(i)materialidades na arte" suscita a questão dos conflitos entre o
material e  o  imaterial, 
o  espiritual  e 
a  lógica  da 
arte. 
Em tempos 
em 
que 
a  preocupação
com o registro da cultura
imaterial tem estado presente nos debates 
sobre 
a  preservação
do patrimônio, a esfera política
atual colide  com  as 
políticas 
da 
arte 
e  o  conceitualismo  problematiza 
a desmaterialização 
do 
registro 
da 
obra. 
Contudo, a 
complexidade 
das 
manifestações artísticas apresenta,
quase
sempre, uma indissociabilidade entre esses dois componentes - o
palpável e o
visível, o invisível e o dizível, experimentado 
e  o  imaginado. 
A questão preocupou 
determinadas
vanguardas  durante  o debate moderno, e agora,
na
contemporaneidade, tal  relação  tornou-se 
mais dialética e profunda. É, pois,
intenção do XXXVII Colóquio do CBHA
promover um “terreiro” de encontros, tratando de temas e pontos de
vista que
abordem histórias da arte em transe e estimulem a discussão  sobre 
a  manifestação  ou 
desmaterialização 
do 
material 
das propostas 
artísticas 
capazes 
de 
nos 
fazer 
experimentar 
outros 
pontos de vista. |