| Nestes
tempos conservadores, o debate sobre a pornografia se impõe. Seria ela
uma categoria estética ou artística? Pressupõe uma intervenção da moral
dentro do ato criador? Como conceber as distinções entre erotismo e
pornografia? São eles conceitos operacionais para a estética? . Acontecimentos
atuais comprovaram o quanto a sexualidade nas artes tornou-se
subversiva. Ela abre uma fenda nesse processo de conservadorismo atual,
ao qual me referi no início. Aponta diretamente para a nudez do desejo
e expõe esse desejo, que é o mais imediato. . Desta
maneira, a questão central a ser debatida é a da ocultação do desejo e
de sua exposição. Ela pressupõe o princípio do disfarce na exposição do
corpo e a sua franqueza. . Essas
questões, no entanto, surgem de noções fluidas, cuja definição ou
conceptualização é flexível, móvel temporal e culturalmente. As
respostas que podemos obter são dispersas, e situam-se além de um
interesse puramente semântico. Incidem, entre outras coisas, sobre a
censura. A censura oficial ou coletiva não se dá ao trabalho de
configurar qualquer definição do seu objeto. Mas sua atividade situa,
de modo implícito e necessário, o discurso pornográfico ao mesmo tempo
diante da lei ou do preceito, e age como controle do desejo. . Assim, proponho os seguintes temas: . 1) O desejo exposto: pornografia e erotismo na produção artística. 2) O desejo militante: o prazer nas artes como instrumento de luta. 3) O desejo definido: conceptualizar, representar e estimular. 4) O desejo reprimido: a censura externa, como controle da obra; a censura interna, como controle da criação. 5) O desejo perigoso: a pornografia como subversão. 6) O desejo no passado: por uma história da pornografia e do erotismo. 7) O desejo relativo: pornografia e erotismo nas diferentes culturas. |