| Para
Freud, o desejo é uma ideia ou pensamento; distinto, portanto, da
pulsão. Realiza-se no nível da representação, tendo como correlato a
fantasia. Se a pulsão precisa ser satisfeita, o desejo precisa ser
realizado. Tal realização requer, como em todo pensamento, a elaboração
de um sentido, mas também a construção de um valor. Lacan introduz novo
problema ao tratar do desejo do próprio Freud como psicanalista, que
não está isento de luxúria e erotismo. Bataille, ao definir a
transgressão como fundamento da arte, elege o erotismo como um problema
central que traz consigo um paradoxo: por ser transgressor, propõe a
supressão de todo limite; porém, sua expressão se dá por meio de um
objeto de desejo (imagem ou signo) que torna sensível a diferença entre
os seres. Donald Preziosi retoma o problema do desejo no caso do objeto
museológico que, por ser um objeto de desejo, apresenta-se tanto como
um artefato encenado, quanto como um simulacro de sujeito
(frequentemente feminino), com o qual o observador irá se identificar
ou pelo qual será repelido. . Trazendo
essas questões para o campo da história da arte, propomos uma sessão
temática que reflita sobre o desejo no que se refere às qualidades do
objeto desejado, como no que tange ao desejo inerente à compreensão
histórica e crítica. Enfoca com especial interesse como a incorporação
de objetos de diferentes tradições envolveu o desejo pelo outro e, com
ele, as tensões na conquista (nem sempre amorosa) do outro. Pode
incluir pesquisas que tratam, em diferentes tempos e lugares, da
apropriação da diversidade cultural; passando pelas coleções, pelas
instituições, pelo mercado e outras formas de circulação, pelos
processos de configuração dos objetos, assim como pela incorporação de
novas categorias e estratégias epistêmicas que distendem a compreensão
da arte, tais como empatia, afeto, afinidades, fantasia, atração,
abjeção etc. . Temas: . - O desejo pelo outro: diálogos e tensões - Objetos de desejo e novas categorias interpretativas - As transgressões na arte e em sua história - Colecionismo, posse, contemplação estética e desejo - Objetos de desejo na história da arte - Objetos museológicos: encenação e travestimento do desejo - Juízo estético, beleza e desejo - Imagens, iconoclastia e profanação - Erotismo e história da arte - Forma, informe e transgressão - Dominação e desejo do objeto de arte - Deformação, abjeção, controle e mutilação como estratégias discursivas |