| Indecências,
obscenidades, bestialidades, sexualidades podem se transfigurar em
objetos que despertam e satisfazem desejos não só estéticos e demandam
outras formas de abordagem na história e crítica da arte, atuando como
provocações para olhares transgressores e narrativas licenciosas, ao
exporem promiscuidades condenadas por visões moralistas. . Atuando
no campo da intimidade, daquilo que deveria permanecer velado e não
dito (ou maldito ou dito de forma “suja”), objetos eróticos mostram
prazeres recônditos, arte sem pudor, poéticas sedutoras, o poder da
imaginação para transformar o cotidiano inerte, que podem ser
confidenciados pelas perspectivas do colecionador amante, de acervos
secretos sexualizados, através de formas de expor fetichistas, por meio
de críticas despudoradas. . Objetos eróticos, como sugere Duchamp com o trocadilho Objet-dard,
implicam reflexões sobre relações corpóreas quando incitam sensações
libidinosas à flor da pele, causando transformações visivelmente
carnais na sua recepção, que ultrapassam posturas passivas de
visualidade e instigam comportamentos multissensoriais no seu
enfrentamento. Tal qual em um jogo de sedução, eles demandam desafios
para a conquista, ativando posições corporificadas e fazendo rever
compreensões dos espaços e processos em que foram usados e
interpretados, bem como identidades sexuais, tendências e convenções
implicadas. . Com essa
proposta, convidamos à apresentação de trabalhos que iluminem a relação
entre criatividade e sensualidade, entre fazer coisas e fazer sexo,
entre erotismo objetificado, mente fantasiosa e corpo desejante, juízos
estéticos e prazeres interessados, liberdade de expressão e políticas
de castração sobre sexualidade, de modo(s) a refletir sobre as
narrativas da história da arte desses obscuros objetos do desejo. |