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                  Coordenadores: 
                     
                    Jens Baumgarten - UNIFESP 
                    Elaine Dias - UNIFESP 
                    Ementa:  
                    O foco dessa sessão temática se constitui na encenação e transmissão de política e poder através das artes visuais em contextos históricos diferentes. Imagens refletem, relatam e influenciam a política; elas criam, como portadoras de ideias culturais, políticas e sociais, visões coletivas bem como novas “realidades”. No centro da questão encontra-se o interesse, desde a antiguidade clássica, na encenação do poder político por meio da pintura, escultura e arquitetura, mas também por meio da fotografia, cinema e de meios eletrônicos. Pretende-se reunir apresentações que analisem as estruturas nas quais os poderes tentam monopolizar o uso das imagens, mas também os exemplos que demonstram a força sugestiva das imagens nas suas possibilidades de protesto como em caricaturas ou fotomontagens. Com a sua potencialidade, a imagem possui a retórica da evidência e, assim, a capacidade da instrumentalização, manipulação e “falsificação”. 
                      Deste modo, imagens não devem ser entendidas como representações passivas, mas sim compreendidas em suas funções ativas; o contexto histórico-cultural deve ser analisado e o artista, o encomendante, o colecionador, o destinatário agem como atores e participantes em um campo sociopolítico.  
                    Este campo exige um conceito da imagem e da arte que inclui gestos, rituais e símbolos. Encenações e fantasias do poder não organizam os artefatos e as imagens hierarquicamente, mas estabelecem um olhar ao papel ativo das imagens na esfera política, isto é, a oscilação entre os governantes e os governados. O significado recíproco das imagens se revela ao espectador se as intenções imagéticas dos poderes são analisadas junto com as expectativas, desejos, e exigências dos governados (por exemplo a representação do juiz como Salomão, ou um príncipe que se representa como bom pastor ou como dirigente). Estas representações, ou revestimentos,  disfarces, e papéis fictícios servem também para estabelecer normas estéticas e políticas que constituem expectativas e atuações e abrem perspectivas de um espaço político, que pode ser compreendido com “o espaço do pensamento”, como coloca Aby Warburg.  
                      A mesa de Iconografia Política tem como objetivo estabelecer, através de uma análise da história da arte, um diálogo com outras disciplinas e abordagens que buscam uma história da arte contextual, sem perder o foco da análise do próprio objeto ou artefato dentro de uma discussão teórica que responde aos desafios dos debates em torno das questões pictóricas  e imagéticas. 
                    Temas para inscrição de comunicações: 
                       
                      1) Imagem política e ideologia. Representações de governos e regimes, a figura do governante, monarcas, ditadores, partidos e outros agentes políticos protagonistas; 
                      2) Instituições, propaganda e poder; 
                      3) Arquitetura e representação do poder. Espaço e visualização do poder; 
                      4) Acervos e coleções de iconografia política: história, uso, gestão e ampliação; 
                      5) Religião e poder, do primeiro período moderno ao mundo contemporâneo: programas de iconografia religiosa entre a Contrarreforma e a atualidade; A divulgação do patrimônio artístico religioso através de gravuras, cópias, transplantes de modelos e outros meios similares; 
                      6) Crise na representação do poder. A propaganda em regimes democráticos e totalitários. Representações do poder na América Latina, entre democracia e ditadura; 
                      7) Propaganda e contrapropaganda: guerra de imagens, crítica ao uso da imagem ou iconoclastia entre o século XVI e XXI. Apropriações, pilhagens ou destruição de artefatos artísticos ou imagens que simbolizem o poder. Destruição da imagem como destruição e crítica ao poder; 
                      8) Mecenato e política, arte pública e sua eficácia, programas de mecenato e promoção de um gosto oficial a partir do século XVI. A coleção de arte como expressão de poder de grupos, classes ou agentes políticos; 
                      9) Fotografia e poder; o uso da fotografia, nos âmbitos artístico ou fotojornalístico, na construção do debate sobre o poder e a política. Acervos fotográficos e imagem política. Cinema, vídeo e representação do poder; 
                      10) Imagem e poder em perspectiva globalizada, estudos de caso que ponham em contato realidades políticas de diversa composição ou deslocadas no tempo ou espaço. Transferências e deslocamentos de modelos visuais ou usos da imagem e da arte.   |