|
Ementa:
Percebendo a historiografia da arte no Brasil como uma trama densa de
saberes e não saberes, conhecimentos e (des)continuidades discursivas,
a presente sessão –vinculada ao grupo de pesquisa "Lab | HABA -
Laboratório de Historiografia da Arte no Brasil e Américas" –
simultaneamente se alinha ao tema geral do 44º Colóquio CBHA e retoma a
proposta da sessão "Futuros pretéritos: figurações da historiografia da
arte no Brasil", que integrou o colóquio do Comitê realizado em 2022.
Nesta edição do evento, interessa-nos vincular às práticas da
historiografia da arte o conceito de trama, especialmente em relação
àquilo que ele comporta de narratividade, ficcionalidade e fabulação,
bem como a explicitação de pontos de vista e lugares de enunciação. .
Se
a História da Arte, para se constituir como “ciência humanística",
adotou procedimentos e terminologias que a conduzissem a um rigor
metodológico, tal processo precisa ser problematizado de modo a
reconhecermos neste campo de conhecimento sua singularidade na
dialética entre objetividade e subjetividade. O próprio discurso da
história da arte está implicado com aspectos subjetivos e
intersubjetivos, pois quem escreve sobre arte assume também um papel
ativo na experiência de recriação imaginária dos objetos analisados.
Isso se verifica não só em relação a aspectos ditos fatuais – que podem
ser mensurados, sistematizados e categorizados –, mas também em relação
às escolhas inconscientes, mesmo inapreensíveis por critérios
racionais. Em síntese, a própria escrita da História da Arte guarda uma
proximidade com o caráter de criação dos processos artísticos.
.Convidamos
propositoras e propositores a refletirem sobre os modos como se tecem
as mais diversas tramas historiográficas e a expor seus entendimentos a
respeito da criação, organização e encadeamento dos enredos elaborados
por aquelas e aqueles que se dedicam a escrever sobre arte. Cremos que
refletir sobre as tramas historiográficas exigirá, entre outros
aspectos, que explicitemos as perspectivas e pontos de vista de quem
enuncia o discurso e seus diferentes marcadores de diferença – como
racialidade, gênero, sexualidade, classe social, interculturalidade
etc. –, bem como a interseccionalidade destes. Assim, contamos com a
participação de propostas que tangenciem os seguintes eixos centrais:.• Modos de tecer tramas historiográficas, a partir de regimes discursivos, epistemológicos e de visualidade;• Trânsitos de modelos plásticos e teóricos, assim como de vertentes historiográficas e seus diálogos transdisciplinares;• História da arte e lugares de enunciação: a ordem do discurso e suas formas de regulação, restrição e interdição;• A emergência do inconsciente e os regimes de temporalidade da arte, em
retornos, deslocamentos e atravessamentos históricos;• Entrelaçamento de visualidades e materialidades no campo enunciativo da
historiografia da arte: figurabilidades, iconografias, iconologias e
iconoclastias;• Escrita como fabulação e outras narrativas que se colocam como criação, a partir da diversidade de agentes;• Marcadores sociais de diferença, lugares de fala, subjetividades e a escrita da história da arte. |