|
Ementa:
Por muitos anos a história da arte foi escrita, em grande parte, por
homens que registravam a produção feita por artistas homens e ofuscavam
ou sequer consideravam a produção de artistas mulheres. Repensar as
narrativas da história da arte faz-se necessário para combater as
amnésias que serviram para assegurar as bases patriarcais do
conhecimento, como lembra a filósofa australiana Elizabeth Grosz. Nos
últimos cinquenta anos, desde a publicação do texto de Linda Nochlin
Por que não houve grandes mulheres artistas?, os estudos acerca da
presença de mulheres no mundo da arte têm se ampliado cada vez mais, de
forma a questionar a pouca presença da produção de mulheres no panteão
da história da arte. É preciso propor modos alternativos, elaborar
contradiscursos como resistências aos processos excludentes e
contemplar as multiplicidades culturais, étnicas e de gênero da arte
que resultem em maior representatividade. . A
partir das epistemologias feministas, esta sessão temática propõe
acolher pesquisadoras(es), mulheres ou homens que realizam reflexões
sobre as práticas de mulheres artistas, bem como análises sobre os
processos de circulação, legitimação e recepção de seus trabalhos, a
formação de coleções em museus, em especial museus de arte moderna e
contemporânea, a partir de marcadores de gênero; interessa-nos, ainda,
pesquisas sobre as teorias e fontes das historiografias feministas a
partir de seus diferentes encontros disciplinares, os ativismos
curatoriais, os feminismos de narrativas decoloniais questionadoras das
violências de gênero, de raça e de classe, bem como as políticas
identitárias e formas de denúncia e combate a estruturas de sistemas
opressivos oriundos do racismo estrutural, a educação feminista para
gerar consciência crítica, entre outras questões. . O
debate proposto ancora-se em perspectivas teóricas e metodológicas
relacionadas especialmente à decolonialidade e à interseccionalidade,
apresentadas por autoras fundamentais para os estudos feministas como:
Anne Lafont, bell hooks, Françoise Vergès, Heloísa Teixeira, Lélia
Gonzalez, María Lugones, Rita Segato e Sueli Carneiro. No campo da
História, Teoria e Crítica de Arte, estas perspectivas dialogam com os
estudos de Ana Paula Cavalcanti Simioni, Andrea Giunta, Grada Kilomba,
Griselda Pollock, Maura Reilly, Patricia Mayayo, Whitney Chadwick,
dentre outras. .
|