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Ementa: Se
foi com o advento da universidade a partir do século 11, na Europa, que
os saberes foram reunidos em suas especificidades com o intuito de
aumentar o rendimento das corporações, algo dessa divisão já se
prenunciava na separação praticada desde a Antiguidade Latina entre
artes liberais e artes mecânicas (essas últimas consideradas impróprias
para os homens livres, também vale lembrar). . O
corpo do saber universitário foi estruturado segundo o preceito da
lógica aristotélica de que a estrutura do pensamento operaria por
classificações baseadas em oposições binárias. A história da arte como
disciplina universitária constituída na Europa, durante o século 19,
legou à arte contemporânea as estruturas binárias de classificação como
base de seus cânones. . Entretanto,
dentre os tantos papéis assumidos pela arte contemporânea está não
menos que a árdua tarefa de recosturar as segmentações instauradas pelo
saber universitário da história da arte, indicando a permeabilidade dos
elementos, reinos, seres, objetos do mundo. Aquilo que em um primeiro
momento se configurou como a conjugação entre Arte e Vida se torna um
campo fértil – e minado – para a elaboração da integralidade da vida a
partir dos recursos poéticos da arte contemporânea. . A
sessão propõe pensar em restauro epistemológico, dissolução ou
permeabilidade categorial, investigando as formas poéticas assumidas
pela arte contemporânea para repensar as estruturas binário-excludentes
e os conceitos canônicos que circularam na história da arte: por
exemplo, a representação, a performance da imagem e seu efeito, o
espectador, mas também as linguagens codificadas, os veículos, o
sentido do trabalho artístico etc. Trata-se de ver e pensar como a arte
contemporânea contribui para reconfigurar essas dimensões, mas também,
por reciprocidade, como a arte, ao longo de sua história, pode ter
antecipado certos aspectos do contemporâneo. ..
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